O molnupiravir já foi aprovado em mais de 30 países, como Estados Unidos, Inglaterra e Japão, segundo a fabricante. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também passou a recomendar a medicação como tratamento para covid-19, sob algumas condições (leia mais abaixo).
A agência brasileira aprovou o uso emergencial do medicamento, ou seja, trata-se de uma permissão provisória para um cenário de urgência como o atual, de pandemia. Já há ensaios clínicos com o molnupiravir na fase 3, mas as agências continuam monitorando novos estudos e eventuais efeitos adversos.
Segundo a Anvisa, o novo remédio é indicado para pessoas que tenham, por vários motivos, maior risco de desenvolverem quadros graves de covid, já que o medicamento mostrou ser eficaz para reduzir hospitalizações e morte. Ele terá uso domiciliar e deverá ser obtido mediante prescrição médica.
Um estudo anterior com o medicamento em pessoas que já haviam sido hospitalizadas com covid grave foi interrompido após resultados decepcionantes, por isso a orientação é pelo uso precoce.
Na videoconferência em que o uso emergencial foi aprovado, a diretora da Anvisa Meiruze Freitas lembrou que o molnupiravir não substitui as vacinas, estas sim a opção número um para prevenção.
“Reitero que a vacinação continua sendo a melhor estratégia para evitar a covid-19 grave, hospitalizações e óbitos. Aqueles que não completaram o curso completo de vacinação têm mais chances de apresentar sintomas moderados ou graves em comparação com aqueles que receberam um reforço, especialmente os mais vulneráveis”, disse a diretora.
A aprovação na Anvisa não significa que o medicamento chegará automaticamente aos brasileiros que eventualmente dele precisarem. Para ser incorporado ao rol de tratamentos distribuídos na rede pública, um remédio como esse precisa passar por uma nova etapa, a avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec).
A OMS anunciou no início de março sua “recomendação condicional” do molnupiravir, o que significa que a segurança do medicamento deve ser monitorada, já que ele é novo e há ainda algumas lacunas acerca dele.
Em um comunicado, a organização afirmou: “Por conta destas preocupações e de lacunas de dados, o molnupiravir deve ser fornecido apenas para pacientes com covid-19 não grave com alto risco de hospitalização. Essas são normalmente pessoas que não foram vacinadas contra a covid-19, pessoas mais velhas, com imunodeficiências e aquelas vivendo com doenças crônicas”.
A MSD afirma que o antiviral inibe a replicação do coronavírus e tem demonstrado eficácia contra variantes, como gama, delta e ômicron. Parte dos ensaios clínicos foi realizada no Brasil (em sete centros distribuídos pelos Estados de São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul), e a farmacêutica negocia a a transferência de tecnologia para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“As negociações em andamento entre a Fiocruz e a MSD incluem a possibilidade de estudos futuros para avaliar o antiviral no enfrentamento de outras infecções virais, como dengue e chikungunia”, afirmou a MSD em comunicado para a imprensa.
No tratamento de covid-19, “uma maior porcentagem de participantes no grupo de molnupiravir relatou melhora sustentada e/ou resolução para a maioria dos sinais e sintomas, enquanto uma maior porcentagem de participantes no grupo placebo relatou progressão da maioria dos sinais e sintomas”, continua a empresa.
Outros antivirais aprovados pela Anvisa
A Anvisa já tinha aprovado o uso de dois antivirais, tipo de remédio que ataca a habilidade do coronavírus de se replicar. Um deles é o rendesivir, da Gilead; e o outro, o paxlovid, da Wyeth/Pfizer.
O rendesivir é injetado na veia e de uso hospitalar, destinado no Brasil a pacientes com pneumonia que precisam de suplementação de oxigênio, mas que não estão sob ventilação artificial.
O paxlovid, como o molnupiravir, também é administrado via oral, é indicado para pessoas com maior risco de ter covid-19 grave e deve ser tomado assim que possível, dentro de cinco dias desde o início dos sintomas.
A agência também acatou medicamentos do tipo anticorpos monoclonais, uma infusão de anticorpos que se colam à superfície do coronavírus e o marcam para que o sistema imunológico possa destruí-lo. É o caso do sotrovimabe e do evusheld, já aprovados pela Anvisa.
Por Correio Brasiliense, via BBC News, crédito-foto: Merck.
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